Foto: Nathália Schneider (Diário)
Mais uma vez, a Câmara de Vereadores de Santa Maria produziu uma sessão deprimente. E tudo por conta das moções alinhadas com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou com o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a exemplo de outras sessões. Nesta quinta-feira (30), a moção da vez foi apresentada por Tony Oliveira (Podemos) e era de repúdio contra a declaração “gordofóbica e preconceituosa” de Lula, ocorrida no dia 28 de fevereiro, durante o lançamento do Conselho Nacional de Segurança Alimentar.
Depois de Tony defender sua proposta, a petista Helen Cabral foi à Tribuna se manifestar contrária à moção. Em determinado momento, o presidente em exercício da Casa, Manoel Badke (União Brasil), Maneco, chamou sua atenção de que ela estaria fugindo do tema. Ela, então, cobrou o presidente para assegurar seu tempo sobre o argumento que estava fazendo uma contextualização do assunto para justificar o voto. Após concluir a manifestação, Helen cobrou respeito em relação ao seu tempo na Tribuna, anunciando que fará uma reclamação por escrito. A moção e mais esse episódio descambaram para um bate-boca que envolveu muitos vereadores de esquerda, centro e de direita. Ao final, foi aprovada por 10 votos favoráveis e 9 contrários.
Há moções que são importantes, uma vez que reconhecem o trabalho de entidades e instituições, como ocorreu, na quarta-feira (29), com a ONG Trabalho Social, homenageada pela vereadora Marina Callegaro (PT). Mais recentemente, o Centro de Apoio da Criança com Câncer e a Escola Marista Santa Marta receberam homenagens, mas essas moções acabam ofuscadas pelas propostas prós e contra Lula e Bolsonaro.
Vereadores! É só colocarem o pé do lado de fora do prédio da Vale Machado e verão que a cidade tem muitos problemas a serem resolvidos e urgentes. Portanto, há vida, além de Lula e Bolsonaro.
Lá e cá
João Ricardo Vargas (Progressistas), Coronel Vargas
“Quero fazer um apelo para não fazermos mais moção de repúdio, a gente pega o boletim (pauta da sessão) e dá vontade de não vir para esta Casa. Tem gente pedindo socorro ali fora.”
Luci Duartes (PDT), Tia da Moto
“Estamos fazendo moção para aquilo que nada vai mudar o dia a dia da cidade, essa Casa virou, realmente, de briga. Nós estamos aqui debatendo o sexo dos anjos, Santa Maria merece nosso respeito”.
Manoel Badke (União Brasil), presidente da Câmara em exercício
“Somos de uma cidade cultura, somos de uma cidade civilizada, aqueles que estão nas galerias, respeitem os vereadores que estão na Tribuna”.
Valdir Oliveira (PT)
“O povo espera de nós muito mais do que nos engalfinharmos, jogando para torcida, ficarmos fazendo discursos por aplausos desse ou daquele lado. Eu peço, inclusive, desculpas para as pessoas que vieram aqui para assistir debates importantes desta Casa”.
Tubias Callil (MDB)
“Essa casa não se reúne só para discutir moção, a impressão que se tem é que essa Câmara não faz nada, eu faço e não é só eu que faço. Nessa Casa, se trabalha. Vamos devagar! Se trabalha muito nesta Casa.”
Tony Oliveira (Podemos)
“Estou há quase três anos nesta Casa e é a segunda (moção) que eu faço, mas parece que, quando tu faz uma moção, é crime. Fica um mimisedo, pelo amor de Deus! Quando a esquerda faz moção, eles não ficam brabinho”.
Danclar Rossato (PSB)
“Enquanto estivermos discutindo questões ideológicas a nível federal e que nada agregam às reais necessidades de Santa Maria, votarei contra, independente de ser de direita ou de esquerda”.